quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Jornada de Literatura aproxima surdos do cinema

Especialista em Educação para surdos aponta que o desafio são legendas em filmes nacionais
 
Há quem diga que uma imagem vale mais que mil palavras. Para surdos talvez esta frase faça ainda mais sentido, pois são as imagens que os conduzem ao encantamento do cinema. Essa perspectiva vem sendo trabalhada na 14ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo. Até quinta-feira, 25 de agosto, deficientes auditivos e interessados no assunto participam de uma oficina ministrada pela especialista em educação para surdos, professora da UFRGS Adriana da Silva Thoma, na sala 01 do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Passo Fundo (IFCH/UPF), prédio B4.

Durante a atividade os participantes assistem a filmes que demonstram como a sociedade retratou este público por meio dos audiovisuais. Além disso, eles debatem os caminhos que as produções ligadas à sétima arte têm percorrido para se integrar aos mais adequados recursos em termos de acessibilidade e inclusão.

Para Adriana os surdos muitas vezes foram vistos no cinema como pessoas de pouca comunicação. Segundo ela, a maioria dos audiovisuais que desenvolve esta temática carrega consigo a metáfora do silêncio. Uma forma até preconceituosa de tratá-los como pessoas que não se comunicam. “O cinema tem um potencial enorme para problematizar as situações sociais, ao mesmo passo que ele aponta diferentes formas de ver o mundo, ele educa, provoca reflexão e auxilia no processo de construção do conhecimento do sujeito”, destaca.

A especialista aponta que um dos desafios atuais no Brasil é a aplicação de legendas nas salas de cinema não só em obras estrangeiras, mas também em produções nacionais. “Pesquisas demonstram que os surdos preferem esse recurso, pois a utilização da janela com intérprete, em geral muito pequena, acaba dificultando a compreensão”, defende Adriana. De acordo com ela, as legendas servem ainda para ampliar o contato dos deficientes auditivos com a língua portuguesa.
 
Texto e foto: Fabio Rosso